Aborrecida...

Aborrecida 18 de setembro
este meu diário começa a ser muito negativo, cada vez que posso vir aqui escrever estou num estado assim para o lastimável...terça fui até Viana do Castelo e tive com a minha Gémea, foi divertido...Quarta lá vestimos as duas o belo do traje e fomos receber os caloiros na matrícula...No geral não correu mal, organizámo-nos bem com o Almirante Mano e até com o resto do pessoal da comissão que por lá apareceu...recebemos os caloiros, pintámo-los, praxamo-los e fartámo-nos de rir...no final até foi um dia bem passado fora uma ou duas excepções e as terríveis dores nos pés...durante o dia o que mais me custou foi olhar para o 50 paus, como tão carinhosamente lhe chama-mos, gosto muito dele pois é alguém que sempre cumprimentou toda a gente de igual modo e vê-lo assim...doente...cabeça rapada à gilete, magro e com os pêlos da cara a caírem visivelmente, custou-me muito...no entanto, ele tinha aquele mesmo sorriso de sempre, estava bem disposto e bastante animado...gostava de falar claramente com ele e tentar perceber como eu e os que nos rodeiam pudemos ajudar a vencer esta batalha da maneira mais branda possível...sinto-me inútil no meio disto tudo...

depois, vou muito contente para o comboio a tentar pôr alguma conversa em dia com o Mano e quando lá chego tenho a feliz notícia de que só iria pagar metade do bilhete nesse dia... o dia estava mesmo a correr bem... minha irmã liga-me e consigo ouvir o meu sobrinho/afilhado a fazer barulhinhos típicos de quem tem quase 2 meses...fiquei ainda mais contente...

o dia não podia ser perfeito, porque como já referi noutra página não há nada perfeito.. no comboio tudo mudou...um telefonema interrompido, um telefonema em espera, um telefonema com perturbações, enfim...tudo com a mesma pessoa..aquela pessoa com quem eu pensava em breve falar de amor e agora não sei nada...pequenas coisas, a mim, fazem-me perceber que num futuro próximo as coisas podem piorar e aí já vou estar demasiado envolvida, aliás eu já estou demasiado envolvida...não sei que fazer, mas uma coisa é certa por mais sentimento que tenha, eu não deixo passar nada como se não tivesse acontecido...não posso, não sei fingir, não gosto de sentir um objecto ou um passatempo...aquela treta do dar sem receber para mim não passa de balelas...eu dou ( e toda gente faz isso, mas não admite) com intenção de ser reconhecida por essa pessoa, dou com intenção de ver humildade e agradecimento no rosto ou nas palavras dessa mesma pessoa..
hoje aconteceu de novo e passei o dia todo triste e desanimada...enfim...não sei o que fazer...só queria acreditar no que ele me diz e que tudo vai mudar...
será que gostar não chega mesmo?

Marisa Silvestre *